A IMPORTÂNCIA DO URBANISMO
Quando terminaram o curso de Arquitetura, em 2006, João Escaleira Amaral e Manuela Tamborino não imaginavam que hoje dividiriam o tempo entre o Brasil e Portugal. Um Master em estudos avançados em Design Urbano, na ETH de Zurique, colocou-os em contato com a realidade das favelas de São Paulo. Daí a lançar mãos à obra foi um ápice. "O foco do trabalho realizado ao longo do ano letivo eram os territórios informais e desenvolvemos uma série de trabalhos em conjunto com as perfeituras de São Pualo e Rio de Janeiro", explica João Amaral que, com Manuela Tamborino, serviu de intérprete durante as várias visitas ao Brasi.No fim do mestrado, a Prefeitura de São Paulo - cujos responsáveis pela Habitação tinham avaliado os projetos - alertaram para a abertura de um concurso para urbanização das favelas ao qual seria interessante que concorressem. João e Manuela aceitaram o desafio o primeiro e segundo lugares. Para poderem assinar as obras no Brasil, o projeto tinha que incluir um gabinete de arquitetura Brasileiro. Surgiu assim a parceria com a S+A Brasil. Já em 2012 formaram com outros colegas de Zurique, Christian Calle Figueroa e David Gastón Robles, o Coletivo Urbano.
O primeiro trabalho desse grupo é a intervenção em Cabuçu de Baixo, uma bacio hidrográfica que engloba 18 favelas, 225 hectares e cerca de 80.000 pessoas. " A primeira fase é fazer um plano urbano para toda a área: prever o seu crescimento, fazer o seu controlo e, de certa forma, urbanizar a área". explica João Escaleira Amaral, O obetivo é restiruir estes territórios à chamada "Cidade Formal" "É importantíssimo respeitar os aspetos informais que definem estes povoados e adaptá-los de forma a comunicarem melhor com o resto da cidade", explica o arquiteto.
No último ano os dois arquitetos Têm passado períodos de três meses em São Paulo, preparando-se para partir de novo, no inicio de Janeiro David Robles está em permanência no Brasil e Christian Figueroa divide-se entre o Equador e São Paulo.O importante é que o projeto seja acompanhado em permanência, sobretudo agora que estão prestes a ir para o terreno, depois do trabalho feito pelas assitentes sociais junto da população. Com duração de ano e meio, o projeto pretende criar infraestruras e tornar mais sã a vida no Cabuçu. "Uma das coisas que mais me chocou foi ver as crianças a brincarem no lixo. Vamos ouvir as pessoas, criar arruamentos, saneamento, parques, estacionamentos, definir que Ruas terão árvores " explica Manuela Tamborino. No final ganha o Cabuçu mas tabém a Cidade de São Paulo. O financiamento é da Empresa de saneamento da cidade que quer proteger as águas freáticas, contaminadas por falta de saneamento nas favelas.
O QUE SIGNIFICA
A Arquitetura Portuguesa atingiu uma qualidade que se traduz no reconhecimento internacional. Ser Português é uma mais-valia no curriculum de um arquiteto.
(Artigo publicado pela revista do Montepio Geral)
PRÉMIO DE ARQUITETURA
O arquitecto japonês Toyo Ito foi anunciado este Domingo como o vencedor do prémio Pritzker de Arquitectura 2013, prémio que é apelidado por muitos como o Nobel da arquitectura. Toyo Ito, de 71 anos, tornou-se assim o sexto arquitecto japonês a vencer este prémio, depois de Kenzo Tange em 1987, Fumihiko Maki em 1993, Tadao Ando em 1995 e a dupla Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa em 2010. Pelo segundo ano consecutivo o prémio vai para a Ásia, sendo que no ano passado o
prémio Pritzker foi atribuído ao chinês Wang Shu. Recorde-se que no que diz respeito a arquitectos portugueses o
prémio Pritzker de Arquitectura foi conquistado por Souto Moura em 2011 e por Siza Vieira em 1992.
Lord Palumbo, presidente do júri, explicou a decisão de atribuir o prémio Pritzker a Toyo Ito da seguinte forma: "ao longo da sua carreira, Toyo Ito foi capaz de produzir um corpo de trabalho que combina inovação conceptual com edifícios soberbamente executados. Criando uma arquitectura fantástica há mais de 40 anos, ele fez com sucesso bibliotecas, casas, parques, salas de concerto, lojas, edifícios de escritórios e pavilhões, tentando, de cada vez, alargar os limites da arquitectura. Um profissional de talento único, dedicou-se ao processo da descoberta que encontra nas possibilidades que há em cada encomenda e em cada sítio".
Por sua vez, Toyo Ito comentou a atribuição do prémio dizendo que "a arquitectura está limitada por vários constrangimentos sociais. Tenho desenhado arquitectura procurando fazer espaços mais confortáveis, tentando libertar-me de todos as restrições, nem que seja por um momento. Mas, quando um edifício está terminado, eu torno-me consciente, de uma forma dolorosa, da minha desadequação, e isso transforma-se em energia para o desafio do próximo projecto. Assim, eu nunca terei um estilo fixo e nunca estarei satisfeito com o meu trabalho".